(Texto de reflexão sobre Steve Jobs, por Válter Mattos)
Uma das definições que o “Aurélio” dá para “mito” é: “(...) Representação de fatos ou personagens reais, exagerada pela imaginação popular, pela tradição, etc.”. Pela minha experiência, enquanto intelectual das Ciências Humanas, afirmo que muita das vezes a existência de mitos contribuem para uma distorção da realidade. Jobs, morto por um câncer recentemente, está se transformando em um mito; alguém que, pela sua pertinente fama de tecnólogo, está tendo sua figura pública potencializada para além da capacidade de criar novos mecanismos midiáticos. Isso não basta para que o fundador da Apple (junto a outras pessoas) seja transformado em uma espécie de guru-herói da nova geração.
Imaginemos que os nossos jovens, a partir de então, passem a ultrapassar os limites de velocidade nas estradas e, para não serem multados, arranquem as placas de seus carros; a estacionar nas vagas destinadas aos cadeirantes; e a humilhar, aos berros, os funcionários nos corredores de suas empresas. Este era Steve Jobs, o zen-budista. Mas, por incrível que pareça, isso não é nada diante do que sua empresa, com seu consentimento, fez e continua fazendo na China. Como boa parte das indústrias de hardware do Ocidente capitalista, a Apple instalou unidades de produção em países da Ásia, buscando mão-de-obra bem mais barata, ou seja, como todo bom capitalista, não se incomodou com o fato do nível de exploração sobre os trabalhadores ser grande naquela região, desde que a taxa de lucro também o fosse. A Apple chinesa tem o maior índice de suicídio da região, dado pelo alto nível de stress provocado pelo intenso processo produtivo.
Em um mundo caminhando para uma crise econômica aguda, onde as consciências começam a perceber que as megaempresas (bancos, indústrias, etc.) têm uma parcela significativamente grande nesta crise e, portanto, no sofrimento dos mais pobres, vêm algumas pessoas em público e tentam transforma Steve Jobs naquilo que ele não é: uma referência positiva para as novas gerações. Existe um historiador inglês, muito conceituado, Eric Hobsbawm, que nos ensina que os mitos precisam ser destruídos quando estão nascendo. É o que defendo. Neste caso específico, precisamos desmitificar a “canonização” de Steve Jobs, um homem que, quando vivo, tinha um caráter duvidoso. E, enquanto empresário, era inescrupulosamente ganancioso e ávido por lucros, mesmo que isso representasse a vida de alguns trabalhadores; portanto, mesmo que tenha idealizado o iPad, não podemos isentá-lo desta gravíssima culpa social.
Com certeza, Jobs não era herói. Até mesmo do ponto de vista tecnológico, ele não criou nada -- apenas aperfeiçoou técnicas que já existiam. Pior ainda quando a mídia divulga as lições de vida que Jobs queria nos dar. Sujeito ganacioso, que usava o trabalho de crianças asiáticas para lucrar e ifernizou tanto seus funcionários que sua empresa tinha o maior índice de suicídios do planeta. Um cara assim não pode ser modelo para ninguém.
ResponderExcluirCorrigindo: ... ganancioso ...infernizou.
ResponderExcluirolá ! . eu sou o Aluno Jackson do Carmo Caetano da turma 162 .
ResponderExcluirpassando só p. dar um alô!!!
ê avisar que estou lendo e vendo a melhor forma , p. postar um bom comentario sobre os textos